segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Diário de um estreante: Paulo Pichini na expectativa da chegada do deserto

12/01/09 - 16:29

Deserto do Atacama é o desafio dos competidores

Ontem fiz um dia de prova limpo, sem sustos, nem quebras e muito menos perrengues. A pista estava deliciosa, travada, piso duro, com cascalho, pedras, curvas cheias de cotovelos e muita poeira sempre. Sem duvidas, foi o meu melhor dia de prova. Largamos em 106º, chegamos em 67º, uma maravilha!

Mas um dia bom não quer dizer que tenha sido fácil. Beiramos abismos, fizemos curvas acelerando em meio a precipícios e a adrenalina reinou. O piso liso pedia controle total do carro, foi preciso guiar na ponta dos dedos, com aquele "frio na barriga" a cada olhadinha pro lado, onde aqueles abismos sem fim nos encaravam, imponentes e sem escapes. Para ultrapassar era preciso consciência, e coragem também, de tão estreito que era o trecho.

Mas a parte mais divertida foi a técnica que desenvolvemos para encarar aquelas curvas de 45 graus, os famosos cotovelos. Eu entrava acelerando, e o Lourival puxava o freio de mão para fazermos as curvas mais rápidas. Tudo no tempo certo, uma diversão!

Trabalho em grupo - Ao fim de um dia como o de ontem, vemos como trabalhar em equipe é fundamental para o sucesso. Só chegamos até aqui porque cada um de nós, seja eu, piloto, meu navegador, meu mecânico, o motorista do caminhão de apoio, todos... Cada pessoa do nosso time faz sua parte com dedicação e esmero. Sem essa ação conjunta, não teríamos chegado a este dia tão prazeroso.

Mas os momentos difíceis também estiveram presentes. Por vezes questionamos, divergimos, reclamamos. Porém, resolvemos nossos pepinos com amor pelo que fazemos, entendendo a razão do outro quando ela merece ser atendida, e agindo com maturidade em cada situação.

Estou feliz pelo meu time. Minha equipe é a Off Tech, mas para o Dakar meu apoio é a Red Line, uma equipe portuguesa de pessoas extremamente dedicadas. Trouxe meu mecânico, o Giba, que quando se junta aos da Red Line forma um novo time, admirável, sem distinções. Juntos, eles estão sempre empenhados em fazer o máximo para me fazer chegar a cada dia, vencer cada etapa e os desafios que o rali traz.

Hoje, a prova adentra no primeiro dos três piores dias do Dakar. Vamos para a nona etapa e lá encontraremos o Deserto do Atacama, o mais inóspito do mundo, e há uma expectativa enorme de todos para este grande encontro. E você sabe o que significa um deserto?

Para muitos o deserto significa provação. Entrar num deserto nos trará duras provas, mas sair dele nos refinará. A organização abriu mão dos últimos 20 quilômetros de dunas e para mim, isso significa que atravessar montanhas é tarefa fácil perto do que vem pela frente. Mais do que nunca, preciso de um bom time. Que bom que o tenho!

Meu objetivo é simples, chegar em Copiapo. Força e fé.

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