quinta-feira, 11 de setembro de 2008

TREINAMENTO DE MTB

O sonho de todo bom corredor de rua é participar, e terminar bem, uma maratona. No universo das bikes, esse sonho não é diferente. Participar de provas longas é o objetivo maior de todo bom biker.

Em agosto de 2003 a UCI (União Ciclística Internacional) organizou pela primeira vez o Campeonato Mundial de Maratona de Mountain Bike, em Lugano, na Suíça, que teve como campeão o atleta daquele país Thomas Frischknecht.

O objetivo de uma corrida extensa como uma maratona de mountain bike é testar a resistência dos competidores em condições extremas. E provas de grande extensão têm crescido bastante na Europa e EUA. A "Maratona Dles Dolomites" foi criada na Itália em 1987 e reuniu apenas 167 competidores para percorrer 175 km de montanhas. No ano 2000 eram 7 mil participantes e em 2003, os participantes eram mais de 8 mil.

No Brasil, provas como o paulista Big Biker e o mineiro Iron Biker crescem em participantes a cada ano, mesmo com toda a dificuldade que oferecem aos ciclistas. O Iron Biker (IB), em sua última edição (13ª) reuniu mais de 1.100 atletas, alguns deles estrangeiros.

DICAS DO CAMPEÃO

O paulista dez vezes campeão brasileiro de mountain bike, Marcio Ravelli , já venceu o Iron Biker em 1993, 1995 e 1996 e dá algumas preciosas dicas para os internautas do BIKE & AVENTURA.

Experiência é o que não falta para o piloto. Acompanhe as dicas de Marcio Ravelli para se dar bem em provas longas.

Treinamento
Recomendo pelo menos dois meses de treino para qualquer pessoa que deseja participar e terminar uma prova longa como o IB e o Big Biker. Eu sugiro treinos com quilometragem de até 40% acima da extensão da prova. Em provas com duas etapas, escolha sempre a quilometragem do dia mais longo para se basear. É necessário que o ciclista faça bastante quilometragem para habituar o corpo às condições que vai enfrentar na prova. Ciclistas iniciantes (1-2 anos no mountain bike) devem começar a treinar pelo menos com 4 meses de antecedência à prova.

Deve-se tomar o cuidado para evitar lesões musculares. A intensidade não é o mais importante no início do treinamento. Comece sempre gradualmente e vá aumentando as quilometragens. Na semana da prova o atleta deve descansar bastante e no máximo deverá fazer alguns giros e tiros até a quarta-feira. Na quinta e sexta-feira, a ordem é descansar para chegar bem no dia da prova.

Simulação
Uma boa idéia é fazer treinos simulados. São treinos o mais parecido possível com a prova real que você vai encarar. Assim, para participar do Big Biker e do IB, um treino simulado seria fazer dois dias de treino seguidos (um final de semana, por exemplo) com a distância, o terreno, o horário e o relevo bem parecido com a prova.

Não adianta fazer a simulação em temperatura fria e chuvosa para simular o IB. Lá em Minas Gerais, no dia do IB, faz muito sol e calor. Quanto mais próximo dessas condições for o seu treino simulado , melhor para você. Procure treinar com a mesma roupa, capacete, equipamentos, mochila e tudo o mais que você pretende usar na prova de verdade. Quanto mais parecido, melhor.

Hidratação
Provas longas como o Big Biker e o IB vão consumir muito de você. Esteja preparado. A hidratação deve começar na semana que antecede a prova. Beba bastante água e também isotônicos (Gatorade etc). Uma opção é beber água adicionada à Maltodextrina, que é carboidrato na forma líquida e vai aumentar as reservas de glicogênio no músculo. Na véspera da prova o isotônico deve ser deixado de lado e a hidratação continua somente com água, pois o sódio e outros sais podem interferir no desempenho durante a prova.

Alimentação
A alimentação da semana de prova deve ser à base de bastante carboidratos (massas, arroz, batatas, frutas, sucos). As proteínas de origem animal devem ser evitadas nos dias anteriores à prova e as fibras também, pois essas fibras estimulam o funcionamento do intestino e, com a tensão da prova, é comum ciclistas terem vontade constante de irem ao banheiro.

Equipamento
Eu utilizo uma bike full suspension (Scott Genius) com trava na suspensão dianteira e multi-regulagem na traseira e acredito que este tipo de bike leva muita vantagem nesta modalidade de prova. Ele me dá todo o conforto necessário e, ao mesmo tempo, tenho todas as vantagens de uma bike rígida.

É essencial que a bike esteja em excelentes condições de uso com tudo revisado e funcionando perfeitamente. Recomendo o uso de pneus bem novos e com cravos. Pneus do tipo slick e semi-slick podem causar problemas em meio a tantas pedras, especialmente no IB.

Manutenção
Tanto o Big Biker quanto o IB são provas de dois dias de duração e, portanto, assim que terminar o primeiro dia o piloto tem que se preocupar em deixar a bike em ordem para a manhã do dia seguinte. Eu recomendo que cada piloto tenha uma pessoa de confiança (amigo ou parente) que faça a manutenção da bike. O piloto estará cansado e vai precisar se recuperar.

Basicamente a bike deverá ter a relação lavada e lubrificada, especialmente no IB, onde a região é rica em minérios corrosivos. Outros pontos a serem checados é o estado dos pneus (verificar se não há cortes), o aperto dos raios e o funcionamento de freios e câmbios. Na hora de lavar a bike qualquer torneira serve. Já lavei bikes até no chuveirinho de quartos de hotel. Para profissionais, a bike deve estar sempre limpa e brilhando na largada.

Comida e água
Em uma prova longa, sob forte calor e ritmo acelerado, nosso corpo NÃO manda aviso quando vai faltar combustível. Ele simplesmente "apaga" de uma vez. Já vi isso acontecer muitas vezes. Portanto, o ideal é estar muito bem abastecido de água, isotônico e comida.

Eu levo uns 10 sachês de carboidrato em gel "EXCEED", banana passa e barras de cereais. Não espere nunca para ter fome ou sede e vá consumindo os alimentos e a água no decorrer da prova. Eu levo minha mochila de hidratação cheia de isotônico e água mineral eu levo na caramanhola. Prefiro levar a mais a ter que pedir para um participante.

Pós prova
Após o primeiro dia de prova o piloto deve descansar o máximo que puder. Uma massagem profissional é o mais indicado, além é claro, dos alongamentos. Procure se informar com a organização do evento se há massagistas no local. A hidratação deve ser bem cuidada e os isotônicos podem ser consumidos à vontade. O jantar deve ser bastante rico em carboidratos. Massas caem muito bem. Relaxe e descanse bem.

Imprevistos
Eu sempre levo comigo uma chave de corrente, um manchão para reparos em pneus, duas câmaras de ar sobressalentes, um canivete multi-ferramentas e uma bomba de CO2, com três cilindros de refil.

Meu mecânico adapta em minha bike uma seringa com lubrificante, ligada a uma mangueira que quando acionada derrama óleo sobre a corrente. Assim, não preciso parar para lubrificar a corrente. É fácil de fazer e funciona bem.

Iniciantes
E por fim, Ravelli completa com uma dica para os que vão participar pela primeira vez de uma prova ao estilo Big Biker e Iron Biker:

"O correto é imaginar que a prova vai ser bem mais dura do que você pode agüentar. Leve o dobro de comida e água que você imagina. Faça uma boa adaptação de treinoz e de clima. O calor e o relevo serão os maiores adversários de você em provas como essa. O uso de bons óculos são fundamentais para a proteção e conforto do ciclista. Eu recomendo o uso de luvas de dedos longos, pois protegem bem mais, se necessário molhe-as com água para refrescar as mãos".
Agulhas Negras: um pico que já foi difícil de ser conquistado
por Helena Coelho


O pico das Agulhas Negras, segundo o artigo do jornal, somente foi escalado pela primeira vez em 1911 por Faustino de Freitas – não sei se não seria o "velho" guarda-parque Faustino, quem freqüentou o parque nas décadas de 70 e 80 o conheceu – guiando dois alemães que viviam em São Paulo e que conseguiram, após muito esforço e provavelmente depois de várias tentativas, chegar finalmente ao cume...

"Destruindo assim uma legenda e criando uma legião de imitadores, tanto que hoje senhoras e até meninos, de um e de outro sexo, tem repetido essa proeza. Quem escreve estas linhas subiu ao Itayaiaiussu em companhia de sua esposa, com esforço, é certo, mas sem arrancos de heroísmo para enfrentar terríveis perigos, que de fato só existem na imaginação dos que costumam exagerar tudo, querendo parecer heroes..."

Ao ler esse parágrafo do texto, só pude rir da atualidade desse comentário.

A situação hoje é bem diferente, o que era difícil de ser alcançado naquele momento, hoje não vai além de um passeio de fim de semana ou mesmo passeio de um dia. É bem verdade que hoje sobem ao cume das Agulhas Negras milhares em cada temporada e, apesar de que para muitos esse não é nenhum ato heróico, outros voltam contando as maiores vantagens de como foram destemidos e etc. etc.

Ou seja, as dificuldades são menores, hoje dispomos de técnicas, roupas, equipamentos, meios de transporte... tudo que só facilita, porém, o exagero nos comentários sobre como foi a subida é bastante verdade para um ou outro que anda a subir as montanhas não só de Itatiaia como de outros vários lugares.

Seria bem melhor que não precisassem vangloriar-se de ter subido este ou aquele pico, mas que somente falassem do prazer da subida, do prazer de apreciar o silêncio, aquele visual maravilhoso... do prazer de conviver com pessoas que também gostam de praticar esportes em meios naturais.

BRASIL WILD NESTE SÁBADO

Brasil Wild faz prova técnica e com muita orientação neste sábado (14)


PCs facultativos darão bônus nos tempos

Uma prova com muita orientação e muito técnica. É assim que Julio Pieroni, organizador do Brasil Wild, define a corrida de aventura que acontecerá nos dias 13 e 14 de setembro, em Gonçalves (MG).

O Brasil Wild 24h voltará a cena após a realização da prova Extreme, em abril, em um percurso de 560 quilômetros pelo sertão de quatro estados nordestinos: Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. “Essa prova de Gonçalves foi bem mais fácil de organizar”, disse Pieroni.

Serão 130 quilômetros divididos em quatro modalidades, mountain bike, canoagem, técnicas verticais e trekking, com quatro transições entre elas e nove PCs (posto de controle). “A primeira equipe deve terminar o percurso em cerca de 14 horas”, comentou o organizador que comemora o fato de nove entre as dez melhores equipes do Ranking Brasileiro de Corrida de Aventura estarem inscritas no Brasil Wild 24h.

“A prova tem muitos PCs facultativos e mais de um caminho para chegar em alguns lugares. Está bem interessante do ponto de vista estratégico”, ressaltou Julio. “Mas as coisas não serão tão fáceis. Será uma corrida muito disputada, em um ritmo alucinante para todas as equipes, graças às essas opções de tomadas de decisões no percurso”.